terça-feira, 9 de agosto de 2011

Projetos suburbanos e empreendimentos privados: os assentamentos do futuro?


Planejadores urbanos de todo o mundo estão trabalhando para fazer com que as grandes cidades sejam mais amigáveis com as pessoas e o meio ambiente no futuro. No entanto, um fenômeno inverso está ocorrendo em diversos países: a expansão de empreendimentos privados e projetos imobiliários suburbanos, distantes do centro das cidades e dependentes do automóvel (e, portanto, do petróleo).


Rua deserta em um típico subúrbio norte-americano.
O que acontecerá com estes projetos diante da ameaça constante de esgotamento do petróleo? A resposta está em uma série de estudos do Planning Institute of Australia(Instituto de Planejamento da Austrália).
Um dos autores, Peter Newman, da Universidade de Curtin, alerta: "A expansão urbana acabou. Se continuarmos criando novas concessões de terras e subúrbios dependentes dos automóveis, eles irão se transformar nos assentamentos de pobres do futuro”.

Segundo The Age, Newman afirma que novos projetos imobiliários do gênero deveriam levar em conta o nível de dependência de petróleo antes de serem construídos. Além disso, diante da expansão desenfreada, deve-se criar alternativas ao uso do automóvel (por exemplo, acesso ao transporte público ou facilidades para automóveis elétricos).

Os estudos se concentram n Austrália (que possui reservas mínimas de petróleo e é altamente dependente de combustível), o problema da expansão dos empreendimentos privados é bem presente na América Latina.

Em Buenos Aires, os chamados “countries” tiveram um crescimento exponencial na última década (de 414 complexos en 2000, passou para 550 em 2010 e foram alvo de críticias sociais em filmes como Las viudas de los jueves Una semana solos.

Sua estratégia de marketing propõe um estilo de vida “mais natural”, mas a maioria destes empreendimentos  tem grande dependência do automóvel, acrescentando horas de viagem e emissões de carbono à vida dos moradores.

Neste sentido, os estudos australianos também comentam o impacto na vida das crianças. Apesar de estes espaços serem vendidos como ideais para as crianças se desenvolverem com segurança e liberdade, um dos estudos afirma: "As crianças que estão sempre se locomovendo no assento traseiro de um carro até a escola aprendem pouco sobre seu entorno. Também perdem oportunidades valiosas de contato com outras pessoas, que oferecem aprendizados e experiências sociais importantes”.

Como estes empreendimentos continuam invadindo o entorno das cidades (muitas vezes, vendendo-se como “ecológicos”), é interessante refletir sobre essas questões, especialmente quando o que deveria ser um “bom investimento” pode ter um futuro incerto.

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