REUNIÃO CD - Curitiba
Edição: Eng.Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
16/04/2011
Feita a abertura, o Presidente Fanini fez uma explanação sobre o mercado atual da engenharia no Brasil, onde estudos demonstram que aumentou a rotatividade no mercado de trabalho dos engenheiros com o aquecimento da economia, que trocam o emprego profissional por outro que remunere melhor.
Ângelo Robertina e Orlando Lisboa de Almeida
O IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada fez um estudo do setor baseado em dados históricos e correlação com a evolução do PIB. E no estudo não se levou tanto em conta que muitos engenheiros se formam e não vão atuar no ramo da engenharia. O conhecimento de cálculos ajuda os engenheiros em concursos públicos, mesmo de outras áreas que utiliza este meio para se colocar no mercado com um salário mais adequado.
No passado recente, estudos demonstram que os engenheiros perderam em média um terço do salário corrigido.
Nos períodos economicamente desfavoráveis, não teve governo para ajudar os profissionais. Agora que o mercado está aquecido e que os engenheiros têm potencial para melhorar os salários, o patronato vai pedir socorro ao governo no sentido de facilitar a entrada de profissionais do exterior para não elevar a média salarial do profissional da engenharia.
Muitos profissionais não estão atuando no ramo e se houver um acréscimo do salário real da categoria, com certeza muitos colegas poderão retornar aos empregos no setor.
O patronato, para tentar achar argumentos para a tese da falta de engenheiros, tem feito inclusive comparação com o número de engenheiros por grupo de mil habitantes de países como Malásia, etc. Só que não é correto comparar um país que tem o PIB com grande concentração de produtos de alta tecnologia (que demanda mais engenheiros), com países que tem boa parte do PIB lastreado em produtos primários, como no caso do Brasil, produtos estes que demandam grau diferente de aparato tecnológico.
A respeito do tema, o colega e Diretor Bitencourt lembrou que no site do Confea tem informações interessantes nessa área e outras informações dão conta de que o Presidente atual do Confea tem dado declarações que endossam a tese da falta de engenheiros, o que faz coro com o patronato.
O Eng. Fanini expôs dados da RAIS Relação Anual de Informações Sociais (do PIS-PASEP), motrando os profissionais em emprego formal.
Média de salários dos engenheiros em emprego formal, pela RAIS, no período de 2003 a 2009:
Ano | Valor médio do salário do engenheiro no Brasil |
2003 | R$.4,3 mil |
2004 | 4,8 mil |
2005 | 5,1 mil |
2006 | 5,5 mil |
2007 | 5,8 mil |
2008 | 6,5 mil |
2009 | 7,1 mil |
No período de 2003 a 2008, o salário nominal do engenheiro subiu 63,49% e no mesmo período o INPC subiu 47,50%. Portanto, em termos corrigidos, no período o salário médio do engenheiro empregado só teve um crescimento de 16 pontos percentuais.
Dados do PNAD Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar
De 2004 a 2009, a ocupação na engenharia subiu de 313.000 profissionais para 422.000, com dados bastante interessantes levantados:
No período 2005-2009:
Vagas ofertadas em cursos de engenharia no Brasil:
137 mil, 156 mil, 179 mil, 212 mil, 261 mil, totalizando 945.000.
Neste mesmo período, só ingressaram efetivamente nos cursos de engenharia 550 mil estudantes. Há portanto, uma capacidade ociosa grande nos cursos já existentes.
O Censo do Ensino superior – INEP/MEC constatou que no período de 2005 a 2008, se formaram 188.000 engenheiros. (31 mil, 35 mil, 37 mil, 38 mil, 45 mil em conta aproximada respectivamente).
Dos 188 mil formados no período, só 109.000 engenheiros foram para o mercado do ramo.
Há 764.000 engenheiros registrados no CREA e destes, 422.000 estão em função específica da engenharia no Brasil.
Dos 188 mil formados no período, só 109.000 engenheiros foram para o mercado do ramo.
Há 764.000 engenheiros registrados no CREA e destes, 422.000 estão em função específica da engenharia no Brasil.
O palestrante é da opinião de que o currículo dos cursos de engenharia no Brasil em geral está desatualizado e o Eng. Bittencourt lembra que é a bola da vez na atualidade.
Um colega do plenário lembrou que as empresas na área da engenharia só contratam, por exemplo, engenheiros de segurança, por força da lei e de acordo com certos parâmetros de número de empregados, etc. As empresas deveriam estar não só preocupadas com o mínimo que a lei exige, mas com a efetiva segurança das pessoas, dos colaboradores nas obras.
O colega Soares lembra que aqui no Brasil em geral não temos uma Política de Nação, com planejamento e visão de futuro. Há no máximo uma visão de um mandato político.
Lembrado que nosso ensino básico é fraco e os estudantes que conseguem entrar nos cursos de engenharia geralmente patinam para acompanhar os estudos. Muitos desistem por falta de preparo prévio. Também a condição da desigualdade da renda exerce influência sobre a capacidade de pagar pelo curso, quando é o caso. Há o caso de cursos noturnos freqüentados por alunos que cumprem jornada de trabalho de dia e ficam prejudicados na condição de obter rendimento estudantil.
Foi lembrado pelo companheiro Eng.Ângelo Robertina, que tentam colocar para o engenheiro empregado, que este é diferente dos demais assalariados, mas devemos lembrar que na luta de classe (e a mais valia), o engenheiro vende sua força de trabalho como todo trabalhador e tem que ter consciência disto e lutar por melhores condições de trabalho e de remuneração.
No plenário um colega lembrou que no caso do Médico, independente da especialização ou não, o cidadão é primeiramente Médico. A Engenharia está bem pulverizada e se dilui um pouco o fato de que acima de tudo, somos profissionais da Engenharia.
No evento do CD foram discutidos temas como eleição no SENGE PR, principais transformações do Senge PR (equipe própria de advogados, profissionais da imprensa, etc.) e a prestação de contas do último exercício da nossa Entidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário